Danielle Garcia: ‘Falta um planejamento baseado em dados técnicos para o desenvolvimento do Estado’

Na entrevista, Danielle analisa a gestão municipal durante a pandemia e chama atenção para a atenção básica

Por Max Augusto/JC

Foto: Divulgação - Delegada Danielle Garcia

Nesta edição do Jornal da Cidade, a delegada Danielle Garcia (Cidadania), ex-candidata à prefeitura de Aracaju, contou que segue atuando o papel na polícia e atualmente está lotada na delegacia plantonista. Além disso, continua colaborando com o partido, os parlamentares e participando de reuniões com lideranças no estado.

Na entrevista, Danielle analisa a gestão municipal durante a pandemia e chama atenção para a atenção básica. Sobre o cenário no estado, ela opinou: “uma característica básica desse grupo que está no poder há 20 anos é exatamente gerir estado e município fazendo apenas o mínimo necessário”. Por fim, ela adiantou que irá participar das eleições do próximo ano. Acompanhe o conteúdo a seguir:

JORNAL DA CIDADE - Após a eleição de 2020, o que a senhora anda fazendo? Voltou a atuar na polícia? A política faz parte da sua rotina?

DANIELLE GARCIA – Sou delegada, nunca deixarei de ser. Sigo atuando neste papel, atualmente lotada na Delegacia Plantonista. Tenho colaborado com o partido, com os parlamentares do grupo, participando de reuniões e dialogando com lideranças do Estado.

JC – Como a senhora analisa a atuação de Edvaldo Nogueira (PDT) na área da Saúde? O que ainda pode ser feito no cenário da pandemia? E na Educação?

DG – Temos muitas demandas sem o devido atendimento no município, tanto na saúde quanto na educação. Na saúde, a atenção básica bem estruturada é capaz de solver de 80% a 85% das demandas da população. Ou seja, apenas 15% a 20% precisaria de hospitalização (atenção secundária e/ou terciária), o que, na prática, não tem acontecido, haja vista a histórica superlotação dos hospitais públicos, muitas vezes por simples questões de saúde ou mesmo por agravamento de outras não devidamente tratadas desde sua origem. Além disso, existem áreas da cidade sem unidades de atendimento, demandando longos deslocamentos, e, ainda, notícias de uma politização das filas de atendimento, gerando a priorização com base no relacionamento com lideranças e parlamentares. É preciso implantar um sistema de gestão na saúde que dê transparência aos processos e fluxos de agendamento e atendimento. Na educação há muito o que avançar, especialmente no tocante à primeira infância. Temos um déficit grande de vagas de creches e a alguns anos não conseguimos atingir as metas determinadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Um alto percentual dos alunos que completa o 3º ano do ensino fundamental sem compreender o que lê e sem saber fazer contas básicas de matemática. É preciso uma verdadeira revolução na educação para que Aracaju saia dos últimos lugares nas avaliações do MEC. Sobre a pandemia, precisamos intensificar o monitoramento dos contaminados com ampla testagem e isolamento destas pessoas para evitar a transmissão. Precisamos de mais leitos de estabilização e por que não, UTIs. Sei que a média e alta complexidade não é de responsabilidade da gestão municipal, mas medidas extremas precisam ser tomadas em tempo de pandemia. Aliás, isso foi feito por inúmeros gestores municipais no Brasil e mesmo em Sergipe. O objetivo primordial precisa ser salvar vidas. 

JC – E na gestão do governador Belivaldo Chagas?

DG – Da mesma forma que ocorre no Município de Aracaju, falta um planejamento baseado em dados técnicos para o desenvolvimento do Estado, além do estabelecimento de metas claras. Uma característica básica desse grupo que está no poder há 20 anos é exatamente gerir Estado e município fazendo apenas o mínimo necessário.

JC – E o que poderia ou pode ser feito para melhorar a situação do Estado na pandemia?

DG – Investiria na ampliação da testagem com isolamento monitorado dos contaminados. Hoje o maior volume de testes é feito em sintomáticos por demanda do paciente. Temos um volume alto de contaminados nas ruas, espalhando o vírus. Precisamos aprender com exemplos de sucesso como a Austrália e Nova Zelândia: teste com frequência, monitoramento por 14 dias de quem testa positivo, identificação de contactantes (pessoas que estiveram com o recém contaminado) para isolamento temporário e realização da testagem. Esse processo precisa ocorrer em paralelo à vacinação e as demais ações de isolamento social.

JC – As medidas restritivas adotadas foram ou estão sendo solução para amenizar o cenário?

DG – As medidas restritivas demonstram impacto ao redor do mundo e têm como objetivo reduzir a circulação e evitar as aglomerações. Hoje, entendo, que comércios, bares e restaurantes já possuem protocolos de distanciamento estabelecidos. Não é a abertura destes estabelecimentos que aumentará o contágio. O foco precisa ser impedir, mediante fiscalizações, aglomerações, a exemplo de festas clandestinas, bem ainda aumentar o número de veículos do transporte público para permitir que as pessoas transitem de forma segura, nem que para isso seja subsidiado o pagamento das tarifas de ônibus. w JC – Sobre política, como observa o cenário para a eleição de 2022? Danielle Garcia irá participar do pleito novamente? Qual cargo? DG – O cenário ainda pode mudar muito até 2022. O que posso garantir é que participarei do pleito. Quanto ao cargo, será decidido junto com o grupo do qual faço parte.

JC – A vereadora Emília Corrêia sugeriu uma “dobradinha” com a senhora no Patriota. Qual sua resposta para o convite?

DG – Sigo no Cidadania, mas podemos conversar e entender as possibilidades de construir essa parceria.

JC – A senhora defende a oposição unida para poder disputar a eleição? Como seria?

DG – A união demanda o compartilhamento de objetivos, valores e princípios. Se isso ocorrer, ótimo. Não acho que seja condicionante.

JC – O senador Alessandro Vieira pode vir a ser uma opção para esse grupo? Por quê?

DG – O senador Alessandro é presidente estadual do partido e tem feito um bom trabalho no Senado, se dedicando a temas complexos e necessários para o Brasil e buscando benefícios e projetos para Sergipe. É uma opção por ser uma liderança dentro do grupo e com apoiadores distribuídos em todo o Estado. Mas essa é uma decisão que não será tomada agora. O foco do senador neste momento é a pandemia.


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