Por: VALDILENE CRUZ MARTINS
Foto: Ascom
Para fugir da violência, do preconceito e da discriminação, a gente pode esconder de alguém que é pobre, pode esconder que é homossexual, pode até esconder que é mulher, como muitas delas fizeram em séculos passados para poderem estudar ou divulgar as suas ideias e a sua arte, mas a gente NÃO PODE ESCONDER QUE É UMA PESSOA NEGRA!
Não conheço ninguém que perdeu o emprego apenas porque era branco, não conheço ninguém que deixou de ser contratado, mesmo com bom currículo, apenas porque era branco, nunca vi ninguém ser chamado de macaco, apenas por ser branco, nunca soube de alguém que foi impedido de entrar em determinado local, apenas por ser branco, nunca soube de alguém que tomou “baculejo” da polícia, só porque era branco, nunca soube de alguém que ficou sob suspeita de estar furtando em algum estabelecimento comercial, só porque era branco, nunca soube de alguém que segurou a bolsa com mais força por perceber a aproximação de uma pessoa branca…
Então, enquanto o racismo for estrutural, no Brasil, não bastará instituir cotas para pessoas negras nas instituições de ensino superior ou no mercado de trabalho, é preciso mais… Se faz mister uma mudança de comportamento social, para transformar a sociedade.
É imprescindível que procedemos a desconstrução dessa cultura escravocrata e colonialista, que faz com seres humanos queiram se sobrepor aos seus iguais, pressupondo uma suposta soberania sem respaldo algum, além das ideias bizarras oriundas de mentes desprezíveis e criminosas.
Precisamos falar sobre o tema INCANSAVELMENTE, SEMPRE, SEMPRE! Temos que levar esclarecimentos, informações, orientações e, sobretudo, FALAR, MOSTRAR e EXPOR O ÓBVIO, que a igualdade de direitos é respaldada pela lei e a lei há de ser cumprida, quer seja por bem, quer seja por mal! Pode parecer pouco, mas não é, pois o silêncio sobre esses temas que violam os direitos humanos tem sido, a meu ver, o maior óbice para que continuemos a mudar o “status quo”.
Não é suficiente não praticarmos ou não pactuarmos com o racismo, com o machismo, com a misoginia, com a LGBTfobia, com a aporofobia ou com quaisquer outras práticas repulsivas afins… precisamos, sobretudo, combater essas práticas e as falas que as sustentam, venham de onde vierem.
Ainda existem muitas pessoas que não querem falar sobre esses temas para não ficarem “mal vistas”, para não se exporem, nem se indisporem, por isso é que o silêncio das pessoas que se dizem boas é mil vezes mais ensurdecedor e mais prejudicial que o barulho que fazem as pessoas más.
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