Estudantes, professores e organizações da sociedade civil criam o movimento “Adia Enem” em Sergipe

Por: Moisés Augustinho dos Santos, Especialista em Educação 


Foto: Moisés Augustinho dos Santos - Divulgação

Diante da crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus e o estabelecimentos das diretrizes do CNE/MEC e dos decretos estaduais e municipais, as aulas presenciais em todas as escolas no estado de Sergipe estão suspensas.

Muitas dessas escolas estão desenvolvendo aulas no sistema online, contudo há uma enorme parcela da população, principalmente os estudantes de baixa renda,  que se concentram em sua maior parte na rede de ensino público e não tem condições sociais e econômicas para acompanhar as atividades escolares nessa modalidade a distância. 

Nesse contexto estão os alunos do 3º ano do ensino médio que farão o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, com inscrições até o dia 22 desse mês e com as provas marcadas para os dias 1º e 8 de novembro desse ano. 

Baseado nesse cenário, estudantes, professores e organizações da sociedade civil criaram o movimento Adia Enem em Sergipe com o intuito de pressionar o Congresso Nacional e o Ministério da Educação para que possam adiar o Exame Nacional do Ensino Médio.

Foto: Rede Social - Uillian Pinheiro

“Já existe uma movimentação nacional liderada por diversas organizações do movimento estudantil e da sociedade civil para o adiamento do ENEM e nós, aqui de Sergipe, estamos aderindo porque é uma pauta necessária o adiamento da prova para que haja condições de igualdade entre os estudantes de baixa renda em relação aos estudantes com melhores condições financeiras”, afirma Uilliam Pinheiro, um dos líderes do movimento.

Existem propostas de projetos de lei e decretos legislativos tramitando na Câmara dos Deputados versando sobre a possibilidade de adiamento da prova. A proposta que tem mais força na Câmara dos Deputados é o projeto de Decreto Legislativo (PDL) 167/2020, assinados pelos deputados Professor Israel Batista (PV-DF), Tabata Amaral (PDT-SP), Eduardo Bismarck (PDT-CE), Célio Studart (PV-CE), Danilo Cabral (PSB-PE), Raul Henry (MDB-PE) e Tereza Nelma (PSDB-AL).

Aqui em Sergipe, a mobilização iniciou-se no início de maio e foi criada uma plataforma chamada ‘’Sem Aula, Sem ENEM’’ que já disparou cerca de 1800 e-mails para a bancada sergipana na Câmara dos Deputados para que eles possam apoiar o projeto de adiamento da prova.

Foto: Moisés Augustinho dos Santos

“Estou muito preocupado com os relatos dos estudantes, quase 90% deles acreditam que terão seu desempenho prejudicado por causa da suspensão das aulas, sendo assim insuficientes ou deficitárias as atividades não presenciais. Com isso, mais de 80% dos estudantes se posicionaram a favor do adiamento da prova do ENEM. 

Ao constatar essa realidade convidei professores e estudantes, para mobilizarmos a sociedade civil para aderir ao movimento realizando uma campanha forte nas redes sociais para sensibilizar o ministro da Educação e os parlamentares explicando que haverá prejuízos para a maioria do estudantes se for mantida a data da prova", ressalta o professor Moisés Augustinho.

Foto: Rede Social - Estudante Adriel Ribeiro

Para o estudante Adriel Ribeiro, do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Dr. Antônio Garcia Filho, a situação é preocupante, “pois além de vários estudantes não terem condições para o EAD, há toda a questão de que estamos em uma Pandemia. Centenas de mortes todos os dias. Há toda a questão psicológica também nesse momento absurdo pelo qual estamos passando. 
A China e outros países já cancelaram ou adiaram os exames de admissão deles, temos também vários profissionais da educação e os próprios alunos, como eu, clamando pelo adiamento, no mínimo, do ENEM, e que o Brasil siga o exemplo do resto do mundo e faça o que seria mais lógico de ser feito: o adiamento da prova. Em um país como o nosso, com tantas desigualdades escancaradas, ainda mais com a pandemia, fazer um exame de seleção com um mínimo de igualdade de condições nesse cenário, é impossível”.

Segundo os líderes do movimento, o próximo passo será buscar o diálogo com cada deputado federal e senador sergipano para apresentar a pauta e solicitar o apoio.

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